Não preciso nem mencionar que essa foi a melhor viagem que já fiz até agora. Na verdade, pensando por uma certa perspectiva, também foi a pior viagem. Depois de ter ido pra lá, não consigo achar mais graça em lugar nenhum e isso tem sido um problemão!
Como era verão nessa época, acho que a gente engatilhou umas quatro ou cinco viagens em cerca de dois meses (Yaroslavl, Dublin, Vienna, Brasil e Tel Aviv). Devo dizer que as outras também foram muito legais, mas nada que se comparasse 🙂
Enfim, como eu não queria que nada desse errado, no dia que fui embarcar pra Dublin, acordei muito cedo (já tinha arrumado tudo antes, então foi basicamente me vestir, acordar e pegar o primeiro metrô) pra minimizar os possíveis problemas que pudessem acontecer.
Levei só uma mala de mão, pequena, porque além se não precisar de muitas roupas, não queria perder tempo pra esperar a bagagem chegar — queria aproveitar o máximo de tempo que fosse possível.
Chegando no aeroporto em Londres, onde eu ia fazer minha conexão, tive o primeiro oops da viagem.
Vista do avião – it’s London, baby!
Nunca, jamais, tinha sido interrogada antes na borda de qualquer país. Geralmente quando eu chego com o passaporte brasileiro, os guardas de borda fazem piadinha (até em Dubai fizeram isso, juro!), falam alguma coisa dentro do conjunto (samba, futebol, carnaval, Pelé), eu dou uma risadinha e entro. Eu estava fazendo só uma conexão em Londres, não fazia o menor sentido ter que passar no controle de passaporte de novo, mas considerando as experiências anteriores, não imaginava que seria um problema.
Estranhei que a fila era pequena e tava demorando muito pra chegar minha vez. Ainda dentro do avião tinha perguntado pra aeromoça se eu ia precisar preencher o tal do formulário, já que eu ia pra Dublin e não pra Londres e a amigota, que não falava inglês, me disse com aquela delicadeza russa que não, pra ir pra Irlanda não precisava de formulário. Preenchi um por desencargo de consciência, e foi isso.
Chegando na minha vez, dei um sorriso do tipo “oi, moço, sou brasileira e legal, deixa eu entrar”, mas não deu muito certo. Ele perguntou desde “por quê você quer ir pra Dublin” até “onde você trabalhou nos ultimos 6 meses” e eu, sempre muito sincera, respondi tudo que o cara queria. Tudo muito tranquilo até a hora que ele me pediu um ticket de volta. E eu não tinha um ticket de volta na mão, só no celular — mas cadê Wifi na hora que a gente precisa? Daí eu gelei. Falei que tinha um ticket no celular, mostrei uma página de confirmação da Expedia (que, bom, não era bem um ticket de volta… mas era o que eu tinha!) e ele deixou eu passar, depois de ter pedido carinhosamente pra eu sentar no banco dos excluídos e procurar a droga do ticket.
Pensando em retrospecto, até entendo a preocupação do moço. Tem bastante imigrante brasileiro na Irlanda, e imagino que nem todos devam ser 100% legais. Eu estando sozinha, vindo de um país nada a ver e tudo o mais, devem ter subido algumas red flags. No final deu tudo certo com o moço, mas ainda tinha o segundo oops da viagem.
Como tinha levado mala de mão, tomei cuidado pra comprar todos os líquidos que ia usar (shampoo, pasta de dente, etc) em tamanhos que são permitidos dentro do avião. Coloquei todos dentro de uma necessaire de plástico, como manda mais ou menos o figurino, e fui lá, com minha bela malinha passar no raio X do aeroporto.
Eles parecem -ser neuróticos- ter alguns problemas com líquidos, e pedem pra todos tirarem eles da mala de mão e colocarem dentro de uma sacolinha de plástico que eles oferecem. Até aí, sem problemas. Só que eu tinha levado um perfume e acomodei o coitado de forma que ele não quebrasse no meio da viagem, ou seja, fora da necessaire.
Depois de todo o perrengue com o moço na borda, a ultima coisa que eu ia lembrar era do tal do perfume no meio das minhas roupas, e passei minha mala junto com o resto.
Só que aquele raio X é meio maligno, e vai achar qualquer resquício de líquido que você tiver esquecido de tirar. E a moça querida (só que não), que mexeu na minha mala ficou lá, revirando pra ver se tinha líquidos na mala, e achou o tal do perfume.
Na verdade, eu fiquei com impressão de que ela tava procurando alguma bomba, sei lá, com o tamanho do vigor que ela revirou minhas coisas. No final das contas, era só um perfuminho inofensivo, enrolado num pijama de zebrinha. Ela deve ter ficado meio frustrada (ou aliviada, vai saber!), mas eu fiquei morrendo de vergonha de ver meu pijama e minhas coisas abertas alí, pra todo o mundo ver.
Zebrinhas em uma das lojas do aeroporto ❤
Já que eu estava no estado de espírito “don’t worry, be happy”, não liguei muito na hora (embora depois tenha ficado bem puta, porque foram duas coisas bem desnecessárias).
Fora isso, o aeroporto era muito bacana. Deu pra aproveitar bastante, já que eu tinha várias horas de espera por lá (com direito de ver avião da TAM saindo pra SP e batendo aquela saudade de casa) até finalmente entrar no avião que ia me levar pro lugar mais legal do mundo!